Precisamos falar sobre Marian - Posfácio

Então... acabou. Talvez eu ainda faça mais uma publicação para falar da experiência na Bienal, mas fora isso, eu devo desaparecer até terminar de reescrever, mandar para betas e editar "Tecnicas sanguíneas" - minha história sobre um caçador de vampiros que é transformado e precisa aprender a lidar com sua nova condição.

Obrigada por estarem aqui, e EU VOLTAREI *sai fazendo floreio dramático com a capa*

Posfácio

A minha intenção era ter escrito um prefácio, mas, como ouvi dizer que muitos leitores pulam esses, preferi deixar as minhas considerações para o final. É até melhor assim, porque deste jeito nada do que vou falar vai sair como spoiler.

Essa história surgiu como a junção de dois contos que escrevi para um edital da Editora Cartola, que vou citar integralmente aqui:

Por mais de seiscentos anos, Robin Hood permeia o imaginário popular. O personagem é retratado como um fora-da-lei que roubava os bens de nobres arrogantes e clérigos abastados para compartilhar com os mais pobres. Teria vivido ao norte do que hoje é a Inglaterra, no condado de Nottinghamshire, século XIII, provavelmente entre os anos de 1250 e 1300, nos tempos do rei Ricardo "Coração de Leão", e das grandes Cruzadas.

Hábil no arco e flecha, o anti-herói vivia na Floresta de Sherwood, onde era ajudado por um grupo de amigos: João Pequeno, Frei Tuck, Allan Dale e Will Scarlet, entre outros moradores do bosque.

Imortalizado como o Príncipe dos ladrões, prezava pela liberdade, pelo espírito aventureiro e pela luta por justiça e igualdade. Nunca saberemos se ele realmente existiu, mas para muitos, Robin Hood é um dos maiores heróis da Inglaterra.

Quais novas aventuras de Robin Hood e seus companheiros você poderá nos contar?

O que mais me chamou a atenção no edital foi a menção específica aos personagens — eu me lembrava vagamente do menestrel em um desenho animado do Robin Hood que eu assisti antes da versão de animais antropomórficos da Disney, mas não tinha ideia de quem era Will Scarlet, e na verdade não tinha muito a dizer sobre a maioria dos personagens cujo nome eu conhecia. Assim sendo, decidi fazer uma pesquisa básica na Wikipédia e, minha nossa, como foi interessante.

"Quem conta um conto aumenta um ponto", não é mesmo? Os personagens da lenda de Robin Hood não surgiram todos ao mesmo tempo. Eles foram adições que apareceram a cada recontagem. Alguns ficaram por um tempo e sumiram, outros se tornaram canônicos no imaginário popular. O bardo Alan Dale, por exemplo, só apareceu uns três séculos depois das primeiras versões da lenda. Outro personagem que a Wikipédia mencionou como frequente nas lendas foi "Much, o filho do Moleiro". Esse nome é horrível, mas por sorte em algumas versões ele chegou a ser conhecido como Nick, e foi esse o nome que eu adotei.

Falando em versões, existem variações em muitos outros aspectos da história: como um determinado membro se juntou ao bando, em qual período histórico a lenda se passa (apesar do que o edital diz, especialistas apontam um anacronismo: seria impossível existir um "frei" Tuck na época do Rei Ricardo, pois aparentemente os frades franciscanos ainda não estavam organizados como uma ordem religiosa), se Marian era uma nobre, a criada de uma nobre, uma camponesa qualquer, e assim por diante. Eu escolhi a versão da Marian nobre em parte pela nostalgia do filme da Disney, em parte porque queria esse conflito da Marian que sabe gerenciar um feudo, mas não vai receber essa oportunidade por ser mulher.

Eu gostei de explorar uma Marian mais jovem e apaixonada pela vida de crimes. Em especial, gostei de escrever ela e o Robin sem ser um casal logo de cara. Coloquei a diferença de idade porque na Idade Média isso era uma coisa trivial, mas, por favor, não achem que isso é ok na sociedade moderna. Eu escrevi esse conto, então eu, pelo poder investido a mim como autora, posso declarar a maturidade da Marian e a integridade moral do Robin, mas na vida real você NUNCA tem garantia do caráter de ninguém, e tem algo definitivamente suspeito em um cara de 26 que vai atrás das meninas de 16. Eu poderia desenvolver uma dissertação inteira sobre o assunto, mas esse realmente não é meu propósito.

Por último, resta apenas a rodada de agradecimentos.

Levou quase um ano entre o lançamento do edital da Cartola e a versão final que vocês estão lendo hoje, então não consigo me lembrar de todos os que participaram do processo. Procurei nos meus e-mails, e sei que o Auryo Jotha e o Conrado Ribeiro leram os contos quando ainda eram separados. O Bruno Vitorino escreveu a canção do Alan, salvando minha vida, porque sou horrível pra criar musiquinhas e rimas. A eles e outros leitores da "primeira era" desse conto, dedico minha primeira leva de MUITO OBRIGADA.

A segunda leva vai para os leitores mais recentes, quando eu já tinha juntado as duas histórias: Saren Lykos, Geazi Anc, Mile Cantuária, Vitor Paixão, Yuri Cortez e Luisa Peixoto, muito obrigada! Os comentários de vocês me deram muito o que pensar e ajudaram a história a chegar em uma versão superior. MUITO OBRIGADA. Uma dose extra de agradecimentos para a Mile, que se ofereceu para fazer o copidesque da obra.

E MUITO OBRIGADA a você, pessoa leitora que, contra todas as possibilidades, encontrou a minha história e decidiu ler inclusive o posfácio! Se você tiver interesse em saber o que mais eu escrevo, fique de olho no meu blog Crônicas do Bloco de Notas, onde eu posto anúncios dos meus projetos, alguns contos soltos e resenhas ocasionais.

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