Precisamos falar sobre Marian - Nº3

Robin e Marian estão prestes a ter uma DR.

Eu não vou ficar entre vocês e o seu capítulo com elocubrações, mas caso estejam cansados da espera, a obra agora também está completa no Wattpad.

Capítulo Três

Marian não parecia ter aceitado bem a indireta. Afastou-se do grupo, entrando impetuosamente na capela. Will foi atrás dela, sem dúvida querendo consolá-la, e no caminho parou para lançar um olhar fulminante a Robin. Ai, ai, adolescentes... O líder do grupo lançou um olhar suplicante aos outros, mas Allan, João Pequeno e o frei Tuck apenas deram de ombros, indicando que era ele quem deveria resolver isso. Suspirando, Robin foi atrás dos dois.

Assim que entrou na igreja, Marian o abordou com as mãos na cintura e um olhar intenso.

— Eu tenho uma ideia.

"Outra?" Robin fez uma expressão de profundo sofrimento.

一 Eu estava pensando que podíamos aproveitar o embalo. Quando descobrirem nosso roubo na fazenda Carlton, a atenção de todos vai estar voltada para lá. As notícias demoram demais para chegar em Addington, poderíamos pegá-los de surpresa, e a gente estaria de volta ao pôr do sol.

Para isso, teriam que dirigir a velha carroça a velocidades que desafiavam a sua integridade estrutural.

— Marian... chega.

— Quê?

— Chega de roubos. Já deu.

— Mas nós ainda não temos suprimentos o suficiente para o inverno.

Ela estava, é claro, certa. Robin maldizia o dom natural da garota para logística e planejamento estratégico. Marian nunca estivera no esconderijo de Sherwood. Robin era categórico nessa questão: ninguém entrava ou saía se não estivesse numa missão com ou para ele. Mas, baseada apenas em conversas com membros do bando, a garota conseguira estimar corretamente a quantidade de pessoas e quanto seria necessário para alimentá-las durante o inverno.

— Acho que eu preciso ser mais claro. Chega de roubos... para você, Marian.

— Você não gostou do plano? — Alguma coisa na voz dela começava a enroscar. Tristeza? Raiva? Robin não se sentia capacitado para lidar com nenhum dos dois.

— Não é isso. O plano é ótimo. Talvez eu inclusive use o plano. Mas você não pode fazer parte dele. Você já está conosco há tempo demais.

一 Robin, por favor...

一 Foi o que combinamos. Seu pai estará de volta em três dias, e você precisa ficar apresentável para convencer a todos que passou os últimos dias com sua prima Elizabeth.

Ela não disse mais nada, mas cerrou os punhos, as unhas curtinhas deixando marcas nas palmas. Os olhos dela começavam a ficar úmidos com uma camada de lágrimas não derramadas. Robin tentou suavizar a notícia.

— É para o seu bem, Marian. Não faz bem para uma jovem dama ficar andando com um bando de foras da lei. Se alguém te vir ou suspeitar de alguma coisa, não vai ser só o Duque que vai ficar furioso. Vai arruinar a sua reputação, a sua chance de se casar e ter uma fam...

O som de Marian começando a soluçar pegou Robin de surpresa. Ela lhe lançou um olhar desfocado pelo choro, e saiu correndo.

— Marian! — Will foi atrás dela, preocupado demais para sequer olhar feio para o tio.

***

— Eu vejo que você falou com a donzela Marian. — O frei Tuck aproximou-se do catatônico Robin. Como se despertado pelas palavras do frade, o líder dos ladrões declarou:

— Eu vou ver se ela está bem.

— Alto lá, companheiro. — João Pequeno o impediu, pousando uma mão pesada em seu ombro. — Dê a ela um momento para se recompor.

— Will está cuidando dela — Allan acrescentou.

Ficaram longos minutos em silêncio. Quando Robin finalmente se acalmou — ele realmente não sabia lidar com choro e drama —, começou a discutir com João Pequeno o plano de Marian. Talvez devessem fazer um trabalho em Addington enquanto as atenções das autoridades estavam na direção oposta. Allan, com sua alma insaciável de fofoqueiro, se posicionara onde podia ver os adolescentes pela janela. Após alguns momentos, os outros acabaram se juntando a ele.

Marian e Will estavam sentados sobre um par de barris vazios. Ela havia parado de chorar, e Will segurava sua mão. A visão era tão pacífica que Robin não se conteve.

一 Será que não podemos deixar ela ficar? 一 E, vendo os olhares incrédulos dos outros, acrescentou: 一 Eles se gostam tanto. Com dezesseis e dezessete eles não são jovens demais para se...

Antes que Robin pudesse dizer "casar", seus três companheiros fizeram diversos barulhos de diversão ou frustração.

一 Robin, meu passarinho. 一 Allan olhava para ele penalizado. 一 Will gosta dela, sim. Mas não é dele que ela gosta.

O líder do bando estava prestes a argumentar, apontando a linda cena dos adolescentes de mãos dadas, mas viu Tuck e João Pequeno assentindo.

一 Espera, então de quem? Allan...? 一 As garotas geralmente gostavam de Allan, mesmo que a recíproca não fosse verdadeira, então parecia uma hipótese razoável, mas o menestrel sacudia a cabeça.

一 Ela gosta de homens mais velhos. Mais baixinhos 一 João pequeno disse num tom misterioso, apoiando o cotovelo no ombro de Robin, que era no máximo mediano.

一 O frei Tuck? 一 Robin soou incrédulo, e os amigos explodiram em risos.

一 O "príncipe dos ladrões", conhecido por reunir aliados dos quatro cantos da Inglaterra e inspirar os corações dos homens... 一 Allan suspirou 一 tem a percepção amorosa de uma pedra.

一 Ele só é conhecido por essas coisas porque você inventa essas baladas fantasiosas, Dale. 一 O frei sacudia a cabeça, divertido. Voltou-se para Robin. 一 Provavelmente foi assim que ela ouviu falar de você.

一 Como assim?

E então João Pequeno teve que dizer com todas as letras:

一 Ela gosta de você, Robin.

Robin Hood, Príncipe dos Ladrões, herói dos pobres e oprimidos, ficou vermelho como um tomate. Ele protestou que era dez anos mais velho que ela, e que ela provavelmente estava confundindo as coisas, mais interessada no suposto glamour de uma vida de aventuras do que nele, e que com certeza era um sentimento passageiro. Os outros concordaram com tudo isso. Não mudava o fato de que ela gostava dele.

一 E você pode ser velho demais para ela, mas, depois do Festival de Primavera, o pai dela provavelmente vai casá-la com algum lorde com o dobro da sua idade. 一 Frei Tuck deu de ombros, falando verdades.

No fim, Robin aceitou a proposta de Marian de fazer mais uma incursão naquele dia e, para evitar conflitos, deixou que ela participasse, mas o retorno da garota à casa do pai era inegociável. Marian tentava parecer indiferente, mas embarcou na missão com apenas metade do ânimo usual. Will queria ficar perto dela, mas não se submeteria a mais uma viagem de carroça, então foram acompanhados por Allan e João Pequeno, que alegava estar ali para impedir Allan de cantar. Na verdade, o segundo em comando do grupo de ladrões estava lá para ficar de olho em Robin. Após a conversa reveladora na igreja, o líder do bando estava agindo de forma estranha.

Durante toda a operação, Robin ficou perdido em pensamentos. Um lorde com o dobro de sua idade. Worthington era viúvo, próximo do Duque. York não era próximo do Duque, mas podia oferecer um belo dote e estava de olho naquelas terras. Chester... Os pensamentos iam a milhão. E o Festival de Primavera. Eles teriam passado o inverno todo sem se ver. Os estoques dos foras da lei estariam baixos, precisariam planejar muitos roubos para ter o suficiente para se manter e ainda ajudar a população carente. Na primavera, qualquer sentimento passageiro que a donzela tivesse já teria derretido junto com a neve. Will se destacava na luta com espadas, e João Pequeno com o bastão longo. O Festival de Primavera tinha um generoso prêmio em dinheiro para ambas as categorias. E também arco e flecha. O Festival de Primavera, presidido pelo Duque e sua filha.

Robin estava pensando, e continuou pensando após a partida de Marian.

Durante o inverno, com as atividades do bando drasticamente reduzidas, os pensamentos se transformaram em planos.

Iriam ao Festival de Primavera.

Vejo vocês na semana que vem...

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