Newsletter da Ana.txt: Crônicas do Bloco de Notas

Dando um alô periódico para dizer que (ainda) não morri, e estou escrevendo.

Olá, pessoal.

Alguns de vocês podem estar se perguntando que raio de e-mail é esse (ou não, talvez tenha ido direto pro spam…), mas é que eu importei assinantes do Substack porque o meu Substack não existe, foi tudo um mal entendido, e eu raciocinei que se a pessoa se inscreveu na minha newsletter (falsa) no Substack ela ia querer se inscrever na minha newsletter (verdadeira) no Beehiiv. Então estamos aqui. Se você não quer receber atualizações minhas, tem um botão de se desinscrever no fim do e-mail.

Quem já estava aqui sabe que depois de terminar minha novela de vampiros eu diminuí a frequência dos envios. Uma edição a cada dois meses é uma boa frequência pra quando eu não tenho nada a declarar, essa vida em câmera lenta de quem ainda está brigando pra pagar as contas e portanto com pouco espaço mental para dedicar à arte. Normalmente os envios são às segundas-feiras, mas essa semana a vida simplesmente aconteceu.

E agora é hora sobre contar sobre toda essa vida que esteve acontecendo nos bastidores.

Eventos

Para uma "vida em câmera lenta", eu até que participei de vários eventos.

Em agosto teve o “Encha seu Kindle”, um evento organizado pela Iris Teles do Divulga Nacional. Eu não só participei deixando 2 contos meus gratuitos e 2 em promoção, como participei através da minha outra newsletter, a VAL. No Verifique Antes de Ler temos um time de vários autores se alternando pra fazer recomendações de livros e reflexões sobre literatura, e para o evento criamos um tutorial de como criar conta na Amazon, encontrar os livros gratuitos e depois ler pelo aplicativo do Kindle. O post saiu na terça-feira, em preparação para o evento no sábado, e foi uma semana de compartilhar em TODOS os meus grupos: família, trabalho, igreja, Substack, Instagram, etc., porque eu genuinamente acredito que mais pessoas leriam se soubessem como acessar os livros. Por exemplo: pleno 2024, e muita gente não sabe que não precisa ter aparelho Kindle pra ler e-books, e que não precisa cadastrar cartão de crédito pra criar conta na Amazon!

Pra mim, a prova de que esse conhecimento era útil e necessário é que em vez da média de 50 visualizações que normalmente temos no blog, o tutorial "Passo a passo para aproveitar o Exploda seu Kindle" teve nada menos que DOZE MIL vizualizações. Nem que você diga que uma pessoa teve que vizualizar a página doze vezes porque estava consultando o tutorial, isso ainda seriam mil pessoas — e mil pessoas que claramente estavam lendo e usufruindo do conteúdo, já que por essa suposição elas abriram a página doze vezes para seguir o tutorial. O Exploda Seu Kindle passou, mas esse conhecimento CONTINUA sendo útil e necessário, então deixo aqui um botãozinho levando vocês para o artigo, e o pedido: compartilhem com amigos, sobrinhos, colegas de trabalho. As pessoas não precisam necessariamente gostar de ler, mas elas podem conhecer alguém que gosta. As pessoas precisam saber que existem maneiras de ler de graça sem ter que baixar pdfs! (Até porque caso você decida piratear um livro, epub ainda é melhor que pdf...)

Enfim, tudo isso foi uma participação virtual, mas eu senti muito orgulho de fazer parte dessa movimentação e ter esse resultado.

E agora em setembro teve a Bienal Internacional do Livro, em São Paulo. Eu tirei uma semana de férias pra poder ir vários dias, e quando eu voltei para o trabalho todo mundo me perguntou se eu tinha comprado muitos livros.

Eu não comprei nenhum livro na Bienal.

A única razão pela qual eu sequer consegui ir ao evento é porque ele era "no meu quintal", mas eu tive que levar lanche de casa porque estava sem condições de comer na rua.

A verdade é que eu fui para distribuir os brindes da VAL, ver meus amigos, e conhecer o trabalho de gente nova. No Bluesky comecei a fazer fios com as fotos das coisas mais interessantes de cada dia, depois até disso acabei desistindo, mas vou deixar um foto dump aqui:

A colagem de fotos é unida por imagens de fita durex , algumas fotos tem bordas parecendo rasgadas, e livros espalhados entre elas. 1. Selfie minha e do M. P. Neves na frente do estande da Amazon, nós dois somos brancos e usamos óculos, ele tem cabelo comprido liso até o meio das cortas e eu tenho cabelo curto cacheado. 2. Foto do Wilson Junior e da Gabi Oz, um homem negro e uma mulher branca, sentados com microfones na mão ao lado de uma mesa forrada com toalha colorida que tem um exemplar de trama ancestral de pé em exibição. 3. Foto minha com um personagem que é um gatinho azul vestido de astronauta, ao lado de uma pizza. Estou de jeans e camiseta branca, com um casaco xadrez. 4. Foto da Jana Bianchi e da Kali de los Santos, duas mulheres brancas de cabelo até o queixo, sentadas, com estantes no fundo, uma escada em caracol à direita e com pessoas sentadas em volta. 5. Foto onde eu e o M. P. Neves estamos com a Denize e a Bianca do blog Queria Estar Lendo. As duas são mulheres brancas que usam óculos, Denize tem cabelo castanho cacheado comprido, Bibs tem cabelo até o ombro com a parte de baixo pintada de roxo. 6. Selfie minha com a Coral Daia, ela é uma mulher branca de cabelo ruivo ondulado até o queixo, nessa foto estou com brincos compridos e uma camiseta azul marinho. 7. Foto do livro "A neófita", de Octavia Butler. A capa é azul e tem a ilustração do busto de uma garota negra dentro de um círculo branco. 8. Selfie minha e do Yuri segurando o livro "Vale fantástico 2023", que tem um unicórnio voador na capa. O Yuri é branco e usa óculos, tem o cabelo mais comprido que o meu, mas ainda curto.

Da esquerda para a direita, de cima pra baixo: com o M. P. Neves no estande da "nossa editora"; lançamento de Trama Ancestral, do Wilson Jr.; com um gatinho espacial esquisito; evento sobre FFC do sul global na livraria Aigo; VAL encontra QEL!; com a Coral Daia; agora eu não posso mais atazanar a Morro Branco pelo lançamento desse livro; Dois membros da VAL tem contos nessa edição do Vale Fantástico.

Eu amei ver que até nos dias de semana tinha uma fila na transferência do metrô Tietê para a Bienal. Essencialmente, a qualquer momento do dia tinha 200-300 pessoas tentando chegar na Bienal do Livro. Fora as que se recusaram a pegar essa fila e foram a pé ou chamaram Uber. Ainda temos muito a melhorar, mas eu queria ver a cara das pessoas dizendo "as pessoas no Brasil não leem" se tivessem que encarar aquela fila.

Eu amei ver as crianças e adolescentes com uniforme escolar e um adesivo identificador (gosto de pensar que estava escrito "se encontrado favor devolver para a escola tal") correndo em grupos pelos corredores, animados porque encontraram o estande da Panini ou uma saga infantojuvenil qualquer. Eu sei que gostar de ler não resolve automaticamente todos os problemas do mundo, mas eu sinto que gostar de ler aumenta as chances delas de se tornarem pessoas que conseguem interpretar texto e refletir, e que isso talvez resolva os problemas do mundo.

E acima de tudo, eu amei ver meus amigos até então virtuais, gente que eu só tinha visto uma vez em algum outro evento, gente que eu só conhecia de nome. Eu me senti muito especial de ser reconhecida. Não só eu não me sinto uma pessoa "relevante na literatura independente" como eu sou péssima fisionomista: pra mim é difícil reconhecer as pessoas, e por isso eu não espero ser reconhecida. E tanta gente olhou pra mim como se eles soubessem exatamente quem eu sou! Gente que eu admiro e acho mó legal e queria ser mais próxima, e eles me conhecem! Pareceram até felizes em me ver! Meu maior desejo é que eu tenha feito as pessoas se sentirem tão bem quanto elas me fizeram sentir, e na verdade esse é um pequeno pânico: que eu tenha sido fria, ou ríspida, ou insensível, ou distante; que eu tenha me distraído durante um momento crucial da conversa e feito alguém sentir que não era prioridade; que por falta de tato eu tenha dito algo desagradável e sequer percebido o clima social fechar.

Na quarta-feira o cansaço social bateu, e no ônibus de volta pra casa eu comecei a chorar e ter todas essas preocupações. Não é a primeira vez que o cansaço social me faz chorar. Aconteceu uma vez, antes da pandemia, mas eu não lembro de ter esses pensamentos naquela época. Eu lembro de sentir que o dia tinha sido ótimo, mas que eu precisava sair do meio da galera imediatamente, fazer um desvio de caminho pra visitar uma amiga em outra cidade, assim eu poderia ficar um pouco sozinha, e na volta eu chorei. Eu no máximo me questionava "por que eu sinto necessidade de sair de perto das pessoas se eu gosto delas, elas gostam de mim, e nos divertimos tanto?", mas nenhuma preocupação sobre secretamente ser horrível e as pessoas ficarem aliviadas quando eu vou embora porque não tem mais que fingir civilidade. Esses pensamentos são novos, coisas do pós-pandemia (talvez pós-Twitter...) e eu reconheço que eles vem com o cansaço... Só que eu não queria sentir isso, né?

Na sexta-feira o cansaço físico começou a me alcançar, e eu só fui no sábado porque tinha uma última leva de pessoas pra encontrar e marcadores pra distribuir. A bienal cansa, mas eu ainda espero que a minha vida fique tranquila o suficiente pra eu poder visitar as bienais em outros estados. Na pior das hipóteses, nos vemos em 2026!

Selfie minha meio fora de foco e definitivamente não realçando a minha beleza, mas atrás de mim, no alto, há um cartaz dizendo "SAída" e "A gente s evê em 2026!", só que espelhado.

Escrita

Minha escritora interior foi muito alimentada pelas energias literárias do evento, e a vontade de escrever está voltando. Infelizmente minha situação financeira ainda está preocupante, e existe o risco de eu ter que me mudar de casa duas vezes até o fim do ano, então eu não sei se vou conseguir criar uma rotina de escrita em outubro, mas essa parece uma boa meta para novembro - em vez de fazer o NaNoWriMo para escrever um romance inteiro, fazer o NaNoWriMo pra voltar a organizar metas de escrita.

Claro que a imaginação nunca para. Conforme a pulsão de criar foi crescendo, voltei a trabalhar na minha... cof cof... "fanfic" do Touya x Yukito... cof cof. Coloco "fanfic" entre aspas porque era um projeto de fazer uma releitura de Sakura Card Captors, metade porque eu não gostava da história toda acontecer com uma menina de 11 anos, então decidi fazer ela mais velha, metade por preguiça de recapitular o universo original, em vez disso criando minhas próprias regras. Então em vez da Sakura encontrando o livro com as cartas do mago Clow, que se espalham, temos a Serena, que encontra o livro de feitiços do mago Lucius, que são ilustrações nas próprias páginas, e quando eles escapam o livro fica em branco.

Como eu não pretendo fazer nada sério com essa história, eu pulei toda a parte da Serena reunindo os primeiros feitiços, e fui direto para o que eu queria escrever: o Sol (Yukito) descobrindo que divide o corpo com um feitiço anjo emo, Avalon (Yue); e o namorado médium moreno sarcástico, François (Touya), encara isso como "então eu tenho DOIS namorados!" e ajuda eles a se entenderem. Estou me divertindo horrores, e mal posso esperar pra chegar no momento em que a Serena começa a renomear os feitiços (Sakura transforma as cartas Clow em cartas Sakura), porque quando o Avalon mudar de nome isso vai balançar o mundo dos três [risadas maníacas de autora].

Mas falando em coisas mais sérias, decidi colocar uma data para o lançamento do meu próximo conto, pra ver se os prazos me ajudam a tomar vergonha na cara e me organizar:

Quero lançar "A blogueirinha das calopsitas" no dia 25 de outubro.

"A blogueirinha das calopsitas" é um conto que eu escrevi para uma antologia que não chegou a ser publicada, e é uma história pela qual eu tenho muito carinho, porque surgiu depois de uma temporada de várias amigas sofrendo por homem, e tudo o que eu mais queria eram poderes mágicos para transformar os cretinos em calopsitas dar um jeito naqueles bocós e ajudar elas a nunca mais chorar por gente que não vale a pena.

Se o meu plano de usar prazos pra me motivar der certo, vou liberando informações sobre a trama e as personagens no Bluesky e Instagram, mas no dia do lançamento envio uma edição especial com a sinopse e o link, assim vocês não perdem o preço promocional no lançamento. Por enquanto deixo vocês com a capa:

Capa ilustrada. O fundo é azul escuro com a silhueta de uma árvore sem folhas. Há um pássaro pousado, com a lua brilhando atrás dele. No primeiro plano há uma gaiola dourada ao redor do pássaro e da lua, e ela projeta uma sombra escura que obscurece a visão do resto da árvore. Há algumas estrelinhas apagadas no céu, e a fonte do título é dourada, com curvas que remetem a diversão e fofura.

Essa foi uma das que eu mesma fiz, porque no momento eu não tenho como investir em capa para todos os lançamentos, mas quem sabe numa futura edição eu não encomendo uma e acrescento uns materiais extras?

Notas de Rodapé

Por último, uma sessão para indicar coisas legais que eu li/assisti/joguei.

  • O texto "Voltando a respirar", da newsletter do Dennys Schmitt, foi um carinho para quem anda se cobrando por não escrever (ou produzir) o suficiente.

  • O lançamento mais recente do Arthur Malvavisco, Discórdia de Diamante, me fez rir e chorar e gritar enquanto lia. Só o Arthur pra fazer eu setir que três páginas descrevendo um dragão trocando de pele foi pouco. Se ele quisesse dividir em cinco livros pra poder incluir 200 páginas de enciclopédia de samambaias eu ainda lia, porque a escrita dele é tão boa assim.

  • Sigo lentamente lendo a série The Witcher, e acabei de passar pelo segundo livro. Gosto muito desse e do primeiro, que são de contos, e já sinto que vou sentir muita falta disso quando chegar nos romances. Adoro que The Witcher serve DRAMA: gente que quer ter filhos e não consegue, gente que deu os filhos embora porque não queria, populações mágicas em risco de extinção, amor não conrrespondido, gente tentando fugir do destino. 10/10. Outro destaque especial é o Dandelion (Jaskier). Como eu adoro a amizade dele e do Geralt. Sei lá, eu sinto faltam amizades na mídia em geral. Talvez eu escreva um texto sobre isso no blog.

  • Em setembro foi a primeira vez que tive uma batalha Pokémon contra um jogador! Usando o site Pokemon Showdown eu montei um time e pratiquei um pouco com estranhos antes de duelar com um amigo. Foi muito divertido! E Shedinja com Focus Sash é lindo.

E por enquanto é isso, mando um oizinho mais pra frente com o link do meu novo lançamento, e de resto nos vemos no fim de novembro, quando se tudo der certo trarei notícias do tipo "estou pegando o ritmo na escrita de novo".

Até mais!

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