Crônicas do Bloco de Notas Nº10 - Novidades sobre Técnicas Sanguíneas

Um breve prestação de contas

Eu criei essa newsletter após uma enquete para saber em que formato vocês preferiam ler uma história, e essa história era Técnicas Sanguíneas: uma história sobre um caçador de vampiros que foi transformado contra a sua vontade e precisa se adaptar a sua nova "vida" (sim, nesta casa contamos vampiros como mortos-vivos).

Desde então eu publiquei Precisamos falar sobre Marian aqui na newsletter e Fogo,Terra, Ar, Vidro na antologia Filhas da Tormenta, mas Técnicas Sanguíneas que é bom, nada.

Como eu acredito em prestação de contas, vim aqui dar um relato de toda a jornada que tem sido trabalhar em Técnicas Sanguíneas, o estado atual da obra e — atenção — uma data de lançamento.

Essa data de lançamento é absoluta? De forma alguma. Mas eu ainda não levei para a terapia a minha necessidade de validação externa, então se vocês virem a data de lançamento e começarem a manifestar seu apoio dizendo "nossa, mal posso esperar!", "vem muito aí!", etc (não precisa nem ser sincero) isso pode ser o empurrãozinho que me falta.

“Quando o desempenho é avaliado, ele melhora. Quando se avalia o desempenho e se presta contas dele, ele melhora ainda mais rapidamente.”

— Thomas S. Monson, presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (2008-2018)

Um começo difícil

Acho que faz um ano que eu disse "É! É agora que eu vou publicar Técnicas Sanguíneas!".

Naquela época o texto estava com uma aparência esquisita: Técnicas saguíneas foi um projetinho que eu comecei a escrever em inglês — primeiro porque eu estava me inspirando nos mangás de vampiro que tinha lido na época, e eu lia mangá em inglês, e em segundo lugar porque a inspiração da história estava estruturada ao redor de um trocadilho entre "blood" (sangue) e "bloody" (expletivo britânico). Quando faltava apenas uma cena para terminar de escrever o que hoje eu considero a "parte um", eu parei. Não completamente: voltei no começo e fui traduzindo o que já tinha escrito, mas foi um negócio bem de pouquinho em pouquinho, mais um guilty pleasure do que um projeto em si. Mas nos últimos anos o Twitter literário estava construindo essa energia coletiva de "as histórias de vampiro vão voltar com tudo" e eu pensei "É! É agora que eu vou publicar Técnicas Sanguíneas!"

O plano era simples: traduzir a penúltima cena, que ainda estava em inglês; escrever a última cena, dar uma revisadinha, dividir em capítulos, pedir as opiniões de uns leitores beta, fazer uns ajustes baseados nas opiniões deles, e bora publicar!

O plano falhou.

Eu não sei se eu superestimei o meu tempo livre ou a qualidade do texto, mas o fato é que o texto estava pior do que eu pensava (basicamente, na época que escrevi e traduzi o começo do texto, 99% do meu consumo de mídia era em inglês. Por isso que a gente insiste para os escritores brasileiros lerem obras brasileiras e em português) e eu não estava conseguindo sentar e corrigir isso. Mesmo depois que eu consegui um emprego estável, eu continuo não conseguindo reservar a quantidade de tempo que eu gostaria para escrever, e um ano depois de decidir que "é hora de publicar" eu continuo atrasada no cronograma.

Exceto que dessa vez eu tenho esperanças.

Estado atual e planos imediatos

Enquanto estou aqui, escrevendo essa newsletter pra vocês, faltam cerca de 8000 palavras para eu terminar de reescrever a parte um. Já tem sete capítulos concluídos, e esse remanescente tem cara de ser mais 3 ou 4. Posso estar enganada, sou terrível em fazer divisão de capítulos. E é exatamente por isso que eu precisava de algumas cobaias leitores beta para dizer se os capítulos tem uma quantidade de conteúdo satisfatória, se eles acabam com impacto ou muito do nada, se os caquinhos de construção de mundo estão fazendo sentido e cumprindo sua função de despertar o interesse sobre personagens que só vão aparecer na parte dois, se já dá pra simpatizar com personagens, e todas essas coisas que leitores reparam em sua qualidade de leitores.

Eu queria umas três ou quatro pessoas pra ler e opinar antes do público geral, então se você quiser receber os primeiros 5 capítulos e me dar esse feedback, só deixar um comentário no fim dessa edição.

Enquanto isso, a ideia é eu usar essa última semana de setembro pra terminar de vez os capítulos 8-11/12 e contratar alguém para fazer a capa. A minha esperança é que em 3 ou 4 semanas eu vou ter em mãos tanto a capa quanto os feedbacks dos leitores beta, vou fazer os ajustes necessários e na segunda-feira, dia 31 de outubro vou começar a lançar um capítulo por semana aqui na newsletter. Quando vocês receberem o capítulo quatro, vou disponibilizar os capítulos 1 a 3 no Wattpad e Inkspired e começar a atualizar semanalmente por lá também. Vocês que acompanham pela newsletter vão estar sempre um capítulo na frente.

Mais uma vez, eu admito que talvez eu não seja capaz de cumprir essas datas... mas colocar elas como objetivo me ajuda a ter algo mais concreto com o que trabalhar.

Um pouco mais sobre Técnicas Sanguíneas

Eu até penso em lançar Técnicas Sanguíneas como ebook (lembrete: pesquisar se publicação em outros sites interfere com publicação na Amazon) mas essa é uma história que eu sequer penso em mandar para uma editora. Meus problemas com Técnicas Sanguíneas são o final — ou melhor, a ausência dele — e o gênero.

Essa é a história do ex-policial Daisuke Koyama, departamento de controle de eventos paranormais, que é capturado e transformado em vampiro por Haruka — uma vampira puro-sangue com uma habilidade sanguínea peculiar e inconveniente. Se tivesse tido escolha, Daisuke teria preferido morrer do que ser transformado em vampiro. Mas ele não teve. E agora ele não vai simplesmente se matar. Vingança contra Haruka e os vampiros puro-sangue que controlam a cidade está fora de questão: eu não estou escrevendo um anime shounen onde por alguma razão o protagonista é mais forte do que deve, e não existe treinamento secreto que vai tornar o Daisuke capaz de lidar com vampiros séculos mais velhos que ele. A jornada do Daisuke é uma jornada de preencher lacunas no seu conhecimento sobre vampiros, sentir falta da sua família e amigos, e descobrir como vai ser a dinâmica entre ele e sua criadora. Não, não é um romance. Não tem romance nessa história. Tem, no máximo, um "uma vez eu tive um crush, não rolou, e agora que eu sou vampiro eu não tenho mais tempo pra pensar nisso".

Se não tem vilão pra derrotar, torneio pra vencer, interesse amoroso pra conquistar, cura milagrosa pra achar, que gênero é esse? Eu estou mirando em "angst slice-of-life", e não acho que esse é um gênero muito marketável.

E eles são imortais, então francamente isso pode continuar por décadas. (Eu não digo séculos porque a expectativa de vida dos vampiros de segunda classe não chega a tudo isso)

Nesse caso, quando a história acaba?

Essa, meus amigos, é uma excelente pergunta. De fato, essa é provavelmente a razão pela qual o projeto passou tanto tempo largado. A solução que eu encontrei pra isso no momento consiste em dividir todo o conteúdo sobre o Daisuke na minha cabeça em fases — eu posso não saber até onde essa história vai de forma geral, mas eu sei de várias fases mais ou menos bem definidas.

O plano é escrever cada uma dessas partes numa unidade que tem sentido interno, lançar só quando ela estiver completa, e depois disso fazer um hiato indefinido até a próxima parte. Eu chamo a parte um de "Noites sem fim". A parte dois com certeza vai existir, mas ela ainda está muito desorganizada na minha cabeça, e tem outros projetos que quero concluir antes.

A vida, o universo e tudo mais

Outras coisinhas que tem me ocupado e gostaria de compartilhar aqui: estou temporariamente tocando um projeto de leitura coletiva de contos, o Serial Readers, iniciado pelo Ícaro do blog Rascunhos Abertos. O projeto é focado em contos brasileiros de FFC que estão disponíveis de forma gratuita nos sites das revistas literárias.

Demoramos o primeiro semestre todo para conseguir fazer uma lista de contos e sortear a ordem de leitura, mas em julho começamos as atividades lendo o conto “Livre”, da Isabelle Morais. Em agosto lemos “As sete vidas do Capitão Hernandez”, da Isa Prospero. Após as leituras, discutimos nossas impressões em um grupo do telegram. Vou deixar um link para as resenhas:

Madalena foi moeda de troca política: sem nenhuma participação na tomada de decisão, foi dada em casamento para cementar uma aliança entre a Casa da Avareza e a Casa da Ira, e vive um relacionamento abusivo com um marido possessivo e violento. Ela tem pesadelos todas as noites, e eles são uma companhia mais reconfortante…

O Capitão Hernandez é um dos últimos piratas do Caribe, e extremamente bom no que faz, mas nenhum homem vive sem arrependimentos. Os do capitão Hernandez incluem um tesouro que ele nunca encontrou e um amor que não se concretizou. Suas viagens o levam a encontrar um novo amor, e dessa vez ele pretende que…

Agora em setembro lemos “Lampião, Fogo e Trovão”, do César Miranda — e em breve vai ter resenha no blog também. Quem se interessar pode se juntar ao grupo pelo link.

Esses dias meu consumo de newsletters aumentou bastante. Encaminho elas para o e-mail do trabalho e vou lendo ao longo do dia entre tarefas. Ainda não li edições o suficiente para escolher favoritas e fazer recomendações, mas daqui a um mês ou dois espero fazer uma análise de quais vou manter e quais vou parar de assinar e trocar por outras.

(Mentira, tenho recomendações sim. Vocês já leram Areia e Pólvora, a história de piratas da Lis Vilas Boas? Vão lá e assinem 20.000 Histórias Submarinas, ela fala um monte de coisas legais sobre o oceano e criaturas marinhas. E Areia e Pólvora.)

Em compensação, eu tive uma inexplicável semana de não conseguir pegar em livros. Não sei se é um ciclo pelo qual eu passo naturalmente, se é ressaca literária por ter lido alguns livros muito rápido, se é reação a algum outro tipo de stress (essa parece uma alternativa plausível, considerando a insônia, a maior necessidade de açúcar, e o cansaço físico). Independente da causa, quando isso acontece é comum eu me refugiar em quadrinhos.

À medida que a fila de espera da biblioteca do Los Angeles avança (eu já mencionei o quanto eu amo a minha carteirinha da biblioteca falsificada?) eu vou lendo Akatsuki no Yona. É a terceira vez que releio o começo da série, e apesar de dessa vez enxergar muito mais atalhos narrativos e casos de plot armor (você sabe, aquelas coisas que só funcionam porque quem está fazendo é a protagonista) eu continuo adorando essa história. O jeito que a Yona aprende a lutar, trabalhar e liderar, isso tudo inspirando outras pessoas ao longo do caminho… é simplesmente lindo. E eu quero um Hak pra mim.

Outro achado foi um quadrinho independente, FeyWinds, que eu encontrei através do TV Tropes. Eu tenho um fraco pelo tropo “magic contract romance” e suas implicações mais sinistras e angustiantes. Até agora no quadrinho não aconteceu nada sinistro ou angustiante (relacionado com esse tropo), mas o fato é que a história é muito boa, divertida e dramática nas doses certas, e a arte é linda. Estou lendo naquela sofreguidão de quem não sabe o tamanho da obra, se está terminada ou não, se foi abandonada em 2017 e eu nunca vou ler o final. Mas até agora tem valido muito a pena.

Então é isso aí. Obrigada por lerem minha newsletter, e torçam por mim! Com sorte Técnicas Sanguíneas sai!

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