Crônicas do Bloco de Notas - Anotações nº 15

Pancadas da vida, projetinhos, filmes legais.

Uau.

Já fazem sete semanas que começaram os envios da parte 2 de Técnicas Sanguíneas. Os capítulos até agora foram bem suaves, ambientação, vida cotidiana, e tudo o mais, mas a partir de agora vamos ter uns quatro personagens novos — quer dizer, na parte 1 vocês viram o Constantino de passagem, mas eu sinto que só agora é pra valer — e o Daisuke vai começar a perseguir objetivos um pouco mais difíceis do que comprar um celular.

Durante as sete semanas de publicação ininterrupta de Técnicas Sanguíneas era pra eu ter deixado esse boletim de atualizações 90% pronto, mas a vida decidiu me passar umas rasteiras. No finzinho de fevereiro eu tive COVID e fiquei péssima, e como sequela passei março inteiro carregando uma tosse chata que finalmente me deixou essa semana (eu espero). Depois disso gato, Pierre, começou a apresentar um comportamento estranho: fazer xixi fora da caixinha. Pra vocês que não sabem, um gato castrado fazendo isso normalmente está tentando mostrar que se sente mal e que você, o humano, deveria fazer alguma coisa a respeito. Levei ele no veterinário, e foram exames, gastar dinheiro pra comprar os remédios, levar mil arranhões enquanto tentava dar os remédios, e no fim ele ainda precisou ser internado.

Foi um fim de semana sombrio.

Agora o Pierre está bem, mas as consequências permanecem. Pra conseguir cobrir as parcelas da clínica e a ração medicamentos tive que voltar a dar aulas particulares. Se vocês souberem de pessoas do 6o ano do fundamental até o 2º ano da faculdade de engenharia precisando de ajuda com matemática, cálculo, física e afins, por favor mandem o meu contato.

Trabalhar no escritório de dia e dar aula particular à noite acaba sendo bem cansativo, e vou ficar com pouco tempo para me dedicar às coisinhas de escrita, mas se o dinheiro estiver entrando pelo menos eu tenho paz de espírito.

Fotografia de um gato gordo com cara de trouxa (dito carinhosamente) deitado no chão cinza. O gato tem as costas listradas num tom meio marrom, e rosto, peito e ponta das patinhas brancas.

O miserávi está bem agora.

Flyer de fundo preto com letras amarelas dizendo: Professora Ana, reforço escolar on-line. Whatsapp 11988191071 E uma tabela com o nível acadêmico, matérias cobertas e valor da hora aula Fundamental 2, matemática 80 reais Ensino médio, Matemática, física e química, 100 reais Ensino superior, cálculo 1, física 1 e 2, outras matérias sujeitas a análise, 120 reais 20% de desconto acima de 4 aulas, marcar com 2-3 dias úteis de antecedência.

Como eu pretendo pagar os cuidados médicos do miserávi.

Mas nem tudo nesses meses desde a última atualização foi assim tão trágico e desastroso.

A newsletter de indicações literárias que idealizei junto com alguns amigos segue firme e forte! Nossa newsletter se chama “Verifique antes de ler”, VAL para os íntimos, e nela fazemos listas de indicações temáticas, reflexões sobre a leitura e algumas conversas sobre escrita e criação. Já saíram dois textos meus: “Olhar para o sol”, sobre o preconceito contra as pessoas que leem fantasia (gente, a mulher olhou na minha cara e perguntou “você não acha que tem dificuldade de encarar a realidade?”) e o papel da ficção para explorar problemas sociais num ambiente seguro; e uma lista de indicações de livros de vampiros. Amanhã vai sair mais um com indicações de livros sobre viagem no tempo!

Nós soltamos os textos todas as terças-feiras, mas só enviamos a newsletter no fim do mês, com uma lista e resumo dos posts do período. Ou seja: você pode curtir a VAL como blog ou como newsletter.

Outra vitória foi publicar “Urbânides”.

Esse conto saiu pela primeira vez na antologia “A vida mágica das cidades”, e foi uma das minhas histórias favoritas de escrever. Eu tinha tido essa ideia de ninfas que são representações de cidades em vez de florestas há muito tempo, mas depois de ler “Lugar nenhum”, do Neil Gaiman e “Nós somos a cidade”, da N. K. Jemisin eu senti que finalmente estava pronta e precisava colocar pra fora todo amor que eu tenho pela cidade e toda a mágica que existe nessas ruas de concreto.

Queria dar mais um grito de agradecimento pra Duca, que fez essa capa incrível e capturou perfeitamente os meus sentimentos.

Vocês podem adquirir “Urbânides” na Amazon, e pra quem gosta de conhecer o processo de criação, escrevi um making-off no meu blog.

Capa de Urbânides. A capa contém a ilustração de uma mulher negra com vitiligo usando jeans e uma regata branca. O restante da imagem contém linhas coloridas com bolinhas brancas imitando um mapa do metrô, e isso divide o fundo em vários setores, cada um com uma ilustração de um local famoso de São paulo: a Liberdade, a ponte estaiada, a catedral da Sé, o viaduto cebolão. A fonte do título tem tetura de concreto.

Por último, está indo mais devagar do que eu gostaria, mas estou editando meu romance YA (no sentido de tamanho do livro, não de ser romântico). Se tudo der certo, vou mandar “Os breves encontros entre Ezequiel Greed e a Morte” para uma editora. Se meu texto encontrar uma casa editorial, eba! Se não, começa a luta para publicar de forma independente.

Notas de rodapé

Agora que já falei sobre minha vida e sobre o meu trabalho, hora de falar sobre coisinhas que eu li e assisti e me deram alguma felicidade na vida.

Normalmente eu sou uma péssima assistidora, mas esse ano eu já assisti TRÊS filmes! Quer dizer, sem ser Rango e Megamente, que eu vejo em média uma vez por mês desde 2018. Três filmes novos, ou quase.

Em primeiro lugar, pela primeira vez desde 2008 eu reassisti “Speed Racer”, das irmãs Wachowski. O filme é absolutamente... eu ia dizer “psicodélico”, mas isso parece que é algo meio sem sentido. Acho que a palavra que estou procurando é “exuberante”. Tudo é pelo menos 120%, preferencialmente 200%. Cores estouradas, design de vilões, bugigangas malucas nos carros. Adoro. A sequência de abertura é magnífica, me dá um arrepio toda vez que os narradores da corrida falam “ele está perseguindo… o fantasma de Rex Racer!”. E além de tudo isso, também é uma narrativa sobre pequenas empresas do cenário independente tendo que competir e ameaçando serem engolidas por grandes corporações.

Assisti com meu pai o filme “A vida secreta de walter Mitty” (2013), que foi um filme muito doce. Divertido, não daquele jeito escandaloso de dar gargalhadas, mas de se sentir bem assistindo. Nosso protagonista Walter Mitty é uma pessoa que vive grandes aventuras… na sua cabeça. Quando a revista onde ele trabalha vai fechar, ele fica encarregado de recuperar um negativo de um fotógrafo famoso para ser a capa da última edição. Só que o fotógrafo é aquele cara que escala montanhas, se enfia no meio do mato, sobrevoa vulcões, e para encontrar ele o Walter acaba vivendo uma aventura de verdade. Acho que esse filme conversa bem com o quadrinho Daytripper, que foi uma das minhas leituras favoritas dos últimos meses.

Outro filme que assisti com meu pai foi “Highlander”, o de 1986. Esse fui eu que quis assistir. Não sei de onde essa vontade surgiu. Era um filme de ação que ficou icônico o suficiente pra ter uma franquia, tem um elemento fantástico, acho que eu só quis “completar uma lacuna na minha educação”. E como eu ri. Na minha opinião o negócio é uma farofa extremamente trash, uma caricatura dos anos oitenta — o policial fumando no escritório, a trilha sonora de Queen, o inimigo que se veste como um metaleiro!!! — e eu amei. Sei lá, além de ter envelhecido… não mal, mas ridículo… tem uma camada extra de diversão em pensar que teve uma época que esse filme foi não ironicamente um ícone de filme de ação. Urge um remake moderno sem o romance ridículo, focando no Highlander criando a menininha que ele salvou dos nazistas. Obviamente ele vai ser interpretado pelo Pedro Pascal.

Mais uma coisa que reparei: que o filme é bem menos “mastigado” que filmes modernos. Quando a moça está no laboratório analisando a idade da espada, o número aparece na telinha do aparelho dela discretamente, sem nem ser o foco da câmera, e se você estava prestando atenção você vê que bate com a idade do imortal espanhol (Sean Connery) que deu a espada pro Highlander. Se fosse um filme moderno teria uma tomada em cima daquele número pra ser impossível de perder, e provavelmente um diálogo bem mais didático ligando os pontos. Percebi que assistir esse filme da década de 80 me fez usar mais neurônios do que eu esperava, e foi bom. Quero ver de novo, talvez transformar em uma das minhas novas farofas favoritas.

Eu podia falar das minhas leituras também, mas como além de escrever tudo isso de última hora eu ainda tenho que programar, dessa vez vou só sugerir vocês me acompanharem no Goodreads e Instagram, que é onde eu vou atualizando as leituras conforme leio ou faço um apanhado no fim do mês.

Bom, quando eu comecei a escrever esse boletim eu estava meio pra baixo, mas falar dos meus projetos e de alguns filmes legais realmente me animou, então só isso já valeu a pena. Vale ainda mais a pena quando vocês me respondem e interagem comigo.

Semana que vem Técnicas Sanguíneas está de volta, serão mais sete capítulos antes do próximo boletim.

Até mais!

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